Vocês não sabem, mas o pai da Francisca, no verão é quando tem mais trabalho, então férias é mentira. Só lá para Setembro.
E como ele vai trabalhar para fora muitas vezes, vou aproveitar a semana em que ele vai ter mais trabalho, para ir com os meus pais e a Francisca, à "Santa terrinha".
Estou curiosa para ver como vai a Xiquita estar uma semana sem o pai.
Será que já vai sentir a falta?
Será que vou conseguir mantê-la calma e divertida como sempre é, com o papá longe?
Vocês já passaram férias só com os pequenos sem os pais por perto?
Como reagiram os pequenos?
Ajudem me! Que eu estou para aqui meio angustiada...
Com certeza os bebés pequeninos ainda não sabem agradecer às mães aquilo que elas fazem por eles.
Então hoje venho eu, escrever uma carta de agradecimento para mim mesma, e para as outras mães:
Obrigada a todas as mães.
Obrigada por tudo o que fazem por nós bebés.
Obrigada pelas noites que deixaram de dormir.
Obrigada por nos colocarem em primeiro lugar.
Obrigada por estarem sempre preocupadas connosco.
Obrigada por muitas vezes deixarem de se arranjar porque nós, vos cansamos muito.
Obrigada por aguentarem o bico do peito ferido, e mesmo assim nos darem de mamar como se fosse a melhor coisa do mundo.
Obrigada por mudarem as nossas fraldas mal cheirosas.
Obrigada às mães que ficaram em casa e abdicaram das suas vidas, para tratarem de nós.
Obrigada às mães que têm de trabalhar, e que com toda a certeza vão de coração apertado por terem de nos deixar.
Obrigada às mães que muitas vezes chegam a casa do trabalho e nós já dormimos, e elas aguentam a tristeza de já não nos verem de olhitos abertos.
Obrigada às mães solteiras que fazem o papel de pai e mãe ao mesmo tempo, por muito que isso as deixe mortas de cansaço.
Obrigada às mães divorciadas, que nos continuam a dar o maior amor do mundo, e a protegerem-nos de tudo por muito que ainda estejam magoadas com a separação.
Obrigada a todas as mães leoas, que nos defendem acima de tudo e todos.
Obrigada a todas as mães que perderam os seus filhos e conseguem arranjar forças para seguir em frente. Vocês nunca deixarão de ser mães.
Obrigada às mães que adoptam.
Obrigada às mães que sofreram a dor de um parto normal.
Obrigada às mães que passaram por uma cesariana e ficaram com a marca no vosso corpo para sempre.
Obrigada a todas as mães que se sentiram inseguras e com muitos medos (como eu). Mas mesmo assim fizeram sempre o melhor para os vossos bebés.
Antigamente lembro-me que olhávamos para os avós, como aqueles velhinhos de cabelo branco, que nos enchiam de mimos, e faziam as nossas delícias.
Hoje em dia sem dúvida que os avós continuam a fazer as delícias dos nossos filhotes. Mas com uma diferença, acho que hoje os avós estão mais presentes nas vidas dos netos, na educação, até vejam lá pelo Facebook nas partilhas de fotos ou de estados.
E quantas de nós não deixámos os nossos pequenos com os avós para descansarmos um pouco...
Na vida da Francisca os avós têm um papel bastante activo. Não, ela não fica com eles, pelo menos até agora ainda não tive coragem de a deixar a dormir uma noite longe de mim, há-de chegar o dia...
Mas eles fazem questão de estar muito presentes na vida dela, se não a vêem todos os dias, é só porque não podem, mas pelo menos ao telefone, todos os dias falam...
Ela lá lhes diz uns bla bla blas, que os deixa todos babados.
E não imaginam a felicidade dela quando os vê ou simplesmente os ouve. Abre um sorriso do tamanho do mundo, até os olhos brilham.
Eles fazem as delícias dela, é miminhos, brincadeiras, beijinhos, ensinam-lhe coisas novas enfim... E a mãe fica toda feliz a assistir a tamanha enchente de fofura!
É tão bom ver como os melhores pais do mundo, viraram os melhores avós do universo...
Adoro!
Um muito obrigada às avós e ao avô da Xiquita, por sem dúvida a fazerem uma menina muito mais feliz!
Pois é meninas, a Francisca começa agora a querer gatinhar.
Eu tento ajudar e incentivar, mas...
Não sei se percebem, bate uma saudade de quando ela era aquela bebézinha de colo, que só dormia e mamava...
É delicioso vê-la a desenvolver-se, a fazer novas conquistas e aprender novas coisas, mas olho para trás e parece que foi ontem que nasceu...
O tempo voa...
E eu fico aqui de coração apertado a pensar que qualquer dia a minha bebé, já me corre a casa toda e deixa de querer o meu colinho tal como quer agora.
Vai deixar de ser bebé.
Vai tornar-se mais independente.
É um sentimento contraditório... ao mesmo tempo que adoro ver o seu crescimento, apetecia-me também parar o tempo, e aproveita-la assim deste tamanho só mais um bocadinho...
Quando a vejo a crescer, só me dá vontade de lhe dar um mano ou uma mana, para voltar a ter esta fase outra vez...
Será que sou só eu?
Estarei a ficar maluca?
Oh tempo, vai lá um pouco mais devagar...
Quero aproveitar todas as fases dela, mas assim bem devagarinho...
Quero encha-la de mimo, de beijos, de apertões, para o dia em que for ela a dizer que já não quer, eu sentir que lhe dei todos os que queria dar...
Mas acho que nós mães nunca sentimos isso... para nós, vamos sempre achar que podíamos ter dado mais, não é?
Vivemos numa sociedade que desde cedo quer direccionar as pequenas para o que devem fazer.
"Senta-te como uma menina, veste roupa de menina, sê doçinha como as meninas, dá-te ao respeito", e mais umas quantas...
Frases repetidas por gerações e gerações mas que em nada se identificam comigo como mulher e mãe., naquilo que pretendo para a Xiquita.
5 coisas que quero que a Francisca saiba sobre ser mulher:
1 - Que tenha amor próprio, antes de qualquer coisa que cultive o amor por ela mesma. Só assim é possível amar outra pessoa, e falar sobre o amor que nos rodeia.
2 - Quero que saiba que não é obrigada a nada, nunca!
Que não tolere preconceito, qualquer forma de desrespeito ou situações que a deixem constrangida.
3 - Ela pode ser o que quiser: médica, bailarina, bombeira, mecânica... faça o que quiser. Quero que escolha as próprias roupas, e se apaixone por quem quiser. Posso nem sempre concordar com as escolhas que ela fizer mas estarei aqui a apoiar.
4 - Que se lixem os padrões, quer que ela saiba que esses mesmo padrões só existem para nos sufocar. Eu não quero que ela viva presa a isso. Quero que ela viva com liberdade e se ame da maneira que for.
5 - Por último não quero que ela se cale para nada que a reprima. O silêncio corrói a alma.
Espero que ela como menina se consiga encontrar neste mundo cheio de pressões para se ser a mulher perfeita.
9 meses dentro da minha barriga passaram tão devagar, mas desde que está cá fora, estes 9 passaram a correr.
E não fazem ideia, tenho umas saudades daquela bebé de colo, que só comia e dormia.
Mas a cada dia que passa aprendo algo com ela, a cada dia que passa ela faz-me sentir melhor pessoa.
Tê-la comigo é sem dúvida delicioso, e eu não me imagino sem ela, sem o seu choro, o seu sorriso, as suas traquinices, o brilho nos olhos, enfim... Tudo em completa. Ela é parte de mim.
Alegra os meus dias! Sem dúvida que nestes 9 meses fui muito mais feliz que nos últimos 31 anos...
E pensar que já só faltam 3 meses para completar um ano...